Friday, October 06, 2006

Motherfuckers KNOW how to act

O filme "Gabrielle" foi o primeiro que vi de Patricé Chereaux (falta agora Chabrol, Rohmer, da nova leva ...), e é um filme de diálogo. Ou impossibilidade de diálogo. Quando se trata de sentimentos, às vezes muito papo leva a muito discurso, enganando o outro, a si mesmo, e o espectador de lambuja.
A estória trata de um casal burguês de alguma época antiga, sei lá, acho que 1900 e pouco, que vive dando festas e tal. Certo dia o homem, Jean, volta para casa pra descobrir um bilhete. Ele é esperto, e sabe que bilhetes nunca são coisa boa, então toma um trago antes de ler.
Obviamente, é um bilhete de despedida de sua mulher, que o havia traído e o deixado por outro homem. Só que, no seu primeiro e monumental fracasso no filme, Gabrielle (Isabelle Huppert) por algum motivo acaba voltando!
Isso é a senha pra eles passarem o restante do filme debatendo o que houve nesses anos todos, com Gabrielle levando um baita sérmon de Jean, enquanto que ela por sua vez discursa, responde, questiona-se, silencia-se, filosofa, e nada muda o fato que ninguém entende por quê ela passou esses 10 anos com ele.


Mas Huppert como sempre dá uma aula, e faz com que os argumentos da personagem, por mais prosaicos e poéticos que sejam, sejam críveis (de um certo ponto de vista). Não que Jean se satisfaça com a prosa dela. A certo momento, ele esbraveja:

- Pelo menos eu ainda consigo discernir sentimento de tanta confusão!

Sem entrar em julgamento de valor sobre ambos e sua relação, o final é apoteótico. Gabrielle ainda quer propor uma inusitada vida em comum apesar de todo esse distanciamento emocional dela, pois os dois conseguem se dar bem, e tal, e tem a questão da conveniência, reputação, ainda mais numa época como aquela. E, talvez pra selar essa proposição (indecente? não sei..), ela, deitada na cama, abre o vestido e se oferece pra Jean. Ele deita em cima dela, com roupa ainda, e ainda tenta transar com ela, mas ficam imóveis, nada acontece. Ele se levanta, pergunta pra ela "Você consegue sem sentimento? ", ela continua impávida, ele sai do quarto, sai da casa, fim da vida em comum, fim de papo. Bravo.

3 Comments:

Blogger Unknown said...

eu amo a isa hupert

nao consegui ver esse filme...ah!

2:02 PM  
Anonymous Anonymous said...

esse filme é muito, muito chato

1:13 PM  
Anonymous Anonymous said...

gostei de partes...e filme chato pra mim hj em dia eu saio no meio. Não tolero não...hehe. Se o filme tiver um pingo de realismo, ainda estou vendo...

2:27 PM  

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